quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Antoninho Gonzalez

Beatriz Dornelles*


Antônio Firmo de Oliveira Gonzalez, o Antoninho, como era carinhosamente chamado em todo o Brasil, ingressou no Jornalismo em 1957, tendo sido aluno de Claudio Candiota, Adail Borges Fortes, Alberto André e Arlindo Pasqualini, ícones do jornalismo gaúcho. Cedo, em 1958, iniciou sua carreira como líder, participando do Conselho Universitário da PUCRS como presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE).
Dos 50 anos de história do Curso de Jornalismo da PUCRS, 39 anos levam a marca do mais querido aluno, professor, chefe de departamento e diretor do curso, nascido em 30 de julho de 1938, na cidade de Flores da cunha. Em 1957, o professor Alberto André, então presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) convidou Antoninho, com apenas 19 anos, para assumir a direção do Departamento Universitário da instituição, pois já havia conquistado importante espaço como líder estudantil e destacava-se como aluno.
Dali em diante, nunca mais parou, tornando-se o principal líder dos jornalistas no Rio Grande do Sul. Gonzalez foi reeleito por três gestões como presidente da ARI, foi vice-presidente do Sindicato dos Profissionais de Relações Públicas do Estado do Rio Grande do sul, reeleito por cinco gestões, vice-presidente da Federação Nacional de Associações de Imprensa, sendo reeleito por duas gestões em Brasília (DF), foi membro efetivo do Conselho Deliberativo da ARI, membro do Conselho Consultivo da Revista do Professor, Diretor de Imprensa do Instituto de Cultura Hispânica do Rio Grande do Sul, todas essas atividades sem fins lurativos.
Além disto, como jornalista foi repórter do jornal Última Hora, de Porto Alegre; repórter, editor e secretário de redação da Folha da Tarde, editor-chefe do jornal O Estado do Rio Grande, subchefe de Propaganda do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, Editor-chefe e fundador da “Revista do Professor”, Assessor de Comunicação Social da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), secretário de redação do jornal Correio do Povo, da Caldas Júnior, Coordenador da Assessoria de Comunicação Social da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, Diretor-Presidente da Companhia Rio-Grandense de Turismo (CRTUR) do governo do RS.
Além dos jornais e assessorias de imprensa, foi membro de duas comissões nomeadas pelos então secretário da Administração do Governo do Estado para selecionar, por prova de habilitação, jornalistas para o serviço público estadual e membro da comissão nomeada pela Mesa da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul para selecionar por prova de habilitação jornalistas para assessoria de imprensa do poder Legislativo.
Na área de entidades associativas, culturais e sindicais, Antoninho foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais (Fenaj), vice-presidente da ARI por nove gestões, Diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comunicações e Publicidade por duas gestões, em Brasília, Presidente da Associação Rio-grandense dos Bacharéis em Jornalismo, por duas gestões, em Porto Alegre, Assessor de imprensa do Instituto de Cultura Hispânica do RS.
Foi, ainda, delegado do Sindicato dos Jornalistas de Porto Alegre no Conselho da Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais, por três gestões, em Brasília, organizador e fundador do sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Propaganda de Porto Alegre, organizador e fundador do Sindicato dos Empregados em Administração de Empresas Jornalísticas do Rio Grande do Sul, organizador e fundador do Sindicato dos Profissionais de Relações Públicas do Estado do RS. Integrou a comissão nomeada pelo então ministro do Trabalho para elaborar o ante-projeto da atual regulamentação profissional dos jornalistas, em Brasília.
Por dois anos, Antoninho integrou a Comissão Julgadora dos “Prêmios Esso de Jornalismo”; foi integrante de Comissões julgadoras de concursos jornalísticos da ARI; integrante, por três anos, da Comissão Julgadora Regional dos prêmios de propaganda outorgados pela Rede Globo de Televisão.

Outros títulos e honrarias

Antoninho sempre se destacou em todas as atividades e instituições que esteve. Por isso, vários são seus títulos e honrarias como jornalista, relações públicas, publicitário e professor.
Recebeu dois Prêmios ARI de Jornalismo por reportagens policiais publicadas no jornal Folha da Tarde, maior distinção outorgada pela ARI aos jornalistas; recebeu dois troféus ABAP, outorgado pela Associação Brasileira de Propaganda – Seção RS, por serviços prestados, e o Troféu Kronika, como destaque em jornalismo no RS. Recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, outorgado pela Câmara Municipal, Medalha de Porto Alegre, por serviços prestados à comunidade, Comenda do Mérito Urbanístico, outorgada pela organização internacional/nacional URB, por serviços prestados à causa do urbanismo, Medalha dos 45 e 50 anos de ARI e Troféu Têmpera de Aço, como Destaque em Imprensa pela Gazeta Mineira, de São Jerônimo/RS.

O lado humorístico
O jornal Folha da Tarde publicava quatro páginas diárias de polícia. A frente de uma equipe eclética, misturando profissionais experientes e jovens aprendizes, idéias da vida e da morte completamente diferentes, que se completavam, Antônio Gonzalez era considerado o melhor editor do jornal. Com isso afastou o preconceito e a segregação que muitas vezes marcam a reportagem policial numa redação. Títulos irreverentes às matérias eram ma marca de Antoninho. Por exemplo, tinha uma mulher idosa que acreditava e defendia a inocência do neto, conhecido pelo cognome Cueca. Para essa matéria, Antoninho deu o título: “Só vovó ainda acredita em Cueca”. Sua facilidade para títulos marcaram a história do jornal, e até hoje alguns são lembrados pelos colegas. Exemplos: Manchetes sobrenaturais: “Após o crime, policiais caçam o fantasma do matador”. Outro: “Lençol é longuinho em flagrante de adultério”. Títulos extremamente trágicos: “Arrancou os olhos com as unhas durante viagem com LSD” e “Menina dormia com o cadáver da avó”. Sobre notícias insólitas, Antoninho deixou sua marca nas reportagens: “Está preso há 18 anos por ter dado um tapa na esposa” e “Cachorro ao fogo brando foi servido em festa de vereador”. Sobre a frieza de um homicida: “Matou mulher e descascou laranja com a faca do crime”. E o forte do Gonzalez, o jocoso: “Vaca quase levou bala por não fazer mãos aos alto”.
Resumindo, Gonzalez praticava o jornalismo e levava sua vida com humor. Sua personalidade era marcante. Vaidoso, extremamente cativante e de gestos atípicos, dificilmente era esquecido por quem o conhecia. Suas atitudes, sempre destemidas, surpreendiam a todos. Ele se definia como “o último machão do Rio Grande” e suas relações eram marcadas pelo seu caráter, coragem de herói, idealismo, dedicação a tudo que fazia, sinceridade, despojamento, obsessão pelo trabalho e muita, mas muita gentileza com todos, especialmente com as mulheres, não importa que idade tivesse.
Antoninho jamais criticou um colega. Pelo contrário, perdoou a todos e não guardou rancor daqueles que tiveram atitudes indignas com ele, especialmente no episódio que deixou a maior marca negativa na categoria dos jornalistas no Rio Grande do Sul: a falência da Cooperativa dos Jornalistas, responsável pelo jornal alternativo “Coojornal”, que tinha como fiador os jornalistas Antoônio Gonzalez e Clarice Aquistapace. Assim, Antoninho enfrentou com muita dignidade e honra a traição de alguns colegas, que desapareceram depois do golpe. Para cumprir com o compromisso de fiador da Cooperativa dos Jornalistas, entregou todo seu patrimônio pessoal, sua moradia e demais bens que possuía. Na ocasião, acabou sem nada e sem a ajuda de nenhum colega.

A formação jornalística
Em 1957, contrariando o desejo do pai Antônio Tasis Gonzalez, cirurgião e clínico geral, de renome nacional, Antoninho decidiu prestar vestibular para Jornalismo na PUCRS, tirando segundo lugar nas provas.
Conforme palavras de Claudio Candiota , Antoninho era muito estudioso, muito inteligente, muito vivo e muito perspicaz. “Tinha todas as condições para ser um excelente jornalista, e não decepcionou”, lembrando que diversas vezes retirou excelentes aulas dos trabalhos feitos por Gonzalez porque ele pesquisava, estudava, criava e retirava excelentes conclusões de suas pesquisas.
Em 1959, Antoninho formou-se bacharel em Jornalismo, obtendo segundo lugar no Curso. Logo após a formatura, pediu ao professor Candiota para lecionar na Faculdade. Candiota achou que ele deveria esperar mais um pouco para adquirir experiência na área, e aconselhou Antoninho a ingressar no mercado de trabalho.
No início da década de 60, foi criada a Associação de Bacharéis em Jornalismo, instituição que integrava os recém-formados no mercado de trabalho. Gonzalez foi o primeiro presidente oficial, permanecendo no cargo até 1964.
Em 1967, Antoninho realiza seu maior sonho. Dois professores tiveram que se ausentar da Famecos e o então diretor, Claudio Candiota, convidou-o para lecionar algumas disciplinas, tornando-se o professor mais popular na história do Jornalismo da PUCRS. Só deixou a função um ano antes de sua morte.
Quando o jornalista Alberto André assumiu a direção da Famecos, em 1969, Antoninho foi chamado para assumir o cargo de chefe do Departamento de Jornalismo. Em seguida, teve importante participação na prioridade administrativa de Alberto André: construir um prédio para Famecos.
Com o projeto pronto e aprovado pelo reitor, na época, Irmão Otão, André encarregou Antoninho, Irmão Elvo e a professora de televisão Vera Ferreira para executarem o projeto de construção das salas técnicas de fotografia, estúdios de televisão e respectivas salas de controle (switcher, telecine, VT, etc.) e estúdios de rádio. A nova instalação repredentou o primeiro prédio do país feito especificamente para a comunicação Social. A sede foi inaugurada em 8 de dezembro de 1972.
Como professor, Antoninho destacou-se pela qualidade de suas exposi-ções (superando sua gagueira), dedicação à tarefa de educar, amor aos estudantes, compreensão das dificuldades enfrentadas pelos alunos e forte desejo de solucionar todo e qualquer problema que lhe apresentassem, conforme destacam dezenas de ex-alunos e professores.
Na filosofia pregada por Antoninho, não pode haver uma dissociação entre graduação e o que acontece na comunidade. E ele sabia o que estava fazendo. Em 1976, ainda Chefe do Departamento de Jornalismo, foi indicado pelo próprio Alberto André para ser seu sucessor. Questionado sobre essa escolha, Andrè explicou: “Em primeiro lugar, escolhi o Antoninho pelo conhecimento que tinha da pessoa dele. Um homem capaz, jornalista de mão cheia, sério, de comportamento extremamente ético. Em segundo lugar, o conhecimento jornalístico que ele tinha. Terceiro, sua capacidade de realização”.
Sua nomeação na Famecos aconteceu oficialmente no dia 31 de dezembro de 1976, pelo chanceler Dom Vicente Scherer, ano em que tinha completado 37 anos. Ao assumir a direção, Antoninho prometeu a André que transformaria a Famecos em uma das melhores faculdades do país e logo começou a trabalhar para ver seu desejo realizado. Adotou, segundo suas palavras, a filosofia de que “a Famecos tinha que formar profissionais qualificados para o mercado de trabalho”. No mesmo ano, ampliou a área construída da faculdade.
Antoninho tornou-se diretor, mas continuou fazendo grande sucesso como professor em função da paixão que sempre teve pelo jornalismo. Em aula, hipnotizava e encantava os alunos, contando velhas histórias. Tinha ma memória fotográfica incrível e acostumou-se a ler e a revisar textos de trás para frente.
Uma de suas ex-alunas, a professora Dóris Haussen, lembra o zelo do professor ao destacar que ele levava os alunos às redações de jornais de Porto Alegre, levava para sala de aula as folhas que imprimiam o jornal Correio do Povo, mostrava para os alunos como era feito e depois levava de volta para o jornal. “Antoninho era um professor por natureza”.
Logo no início de sua carreira como professor, Gonzalez já recebia homenagens dos alunos e da direção da Faculdade. Em 1971, a turma de formandos, da qual ele foi paraninfo, fez um “jornal-convite”, com 16 páginas e com publicidade inserida. A capa foi dirigida ao amado professor Antoninho.
Em 1978 criou a Agência Experimental de Publicidade e Propaganda e implantou dois cursos de pós-graduação, em nível de especialização, um na área de Administração Social e outro para Administração do Turismo.
Em 1981, com a transferência da TV Estado, ex-TV Educativa, do prédio da Famecos para a antiga sede da TV Piratini, Gonzalez recuperou o terceiro andar do prédio e, em 1982, fez reformas em todo o edifício, criando a Agência Experimental de Relações Públicas.
Em 1983 concluiu as reformas do estúdio de televisão e determinou o início das reformas no estúdio de Cinema. Em abril de 1984, inaugurou a Vídeo PUC, produtora independente, que passou a funcionar nos estúdios de televisão da Famecos.
Em 1987, a Faculdade foi classificada entre as seis melhores das 66 existentes no país pela Comissão Fulbright, recebendo credenciamento de intercâmbio com os Estados Unidos. Em 2002, Irmão Mainar, um dos melhores amigos do ex-diretor, comentou: “Dava a impressão de que Antoninho fez da Famecos uma segunda casa, uma segunda família”.
E Antoninho não parou. Em 1988 criou o “fundo infinito” nos estúdios de televisão e, em 1989, instalou o laboratório de produção gráfica e mais um estúdio de rádio. Durante as comemorações dos 40 anos da Famecos, em 1993, inaugurou o Centro de Informática e Comunicação (Cicom), cerimônia presidida pelo governador do Estado, em exercício, João Gilberto Lucas Coelho, e pelo reitor Norberto Rauch.
Outra realização de Gonzalez foi a criação do SET Universitário, em 1988, quando nomeou como supervisor do evento o professor João Brito de Almeida. No início da década de 80, apesar de a VídeoPUC funcionar nas instalações de TV do prédio da Famecos, lutou e conseguiu que as mesmas fossem destinadas, nos turnos da manhã e da noite, para uso exclusivo dos alunos de Jornalismo e Publicidade.
Quem trabalhou com Antoninho destaca, como muito importante, o apoio que ele sempre deu aos chefes de departamento e às pessoas que trabalhavam diretamente com ele. Antoninho dava liberdade de atuação e autonomia a seus subordinados, contam seus ex-companheiros.
Os que conheceram de perto Antoninho, avaliaram seu trabalho na Famecos com as seguintes palavras: “Ele conseguiu ter um cargo de confiança, manter-se nele durante muito tempo e nunca ser submisso. Tinha suas idéias próprias e métodos pessoais para alcançar o que desejava. Com coragem e bravura enfrentou os fatos e seus opositores, sem nunca abdicar da diplomacia, educação, respeito e humildade, características que marcaram sua personalidade e liderança”.
No que tange à instituição, Antoninho era audaciosos e ambicioso. Em 1990, conforme contou em entrevista, comunicou ao reitor Norberto Rauch que não largaria a Famecos sem que, no mínimo, ela ultrapassasse a qualidade dos cursos da Universidade de São Paulo (USP). E cumpriu sua promessa. Em 1994, a Editora Abril publicou na Revista Playboy que o Curso de Jornalismo da Famecos era o segundo melhor no ranking das melhores faculdades brasileiras, só perdendo para São Bernardo do Campo.
Em 1994, inaugurou o Departamento de Pós-Graduação da Famecos (Mestrado em Comunicação), indicando a professora Doris Fagundes Haussen para coordená-lo. No final de 1994, deixou a direção da Famecos, onde permaneceu por 18 anos, tendo sido homenageado especial de todas as turmas que se formaram no segundo semestre de 1994 na Famecos.
Alberto André, na época, desabafou: “Se tem alguma coisa de bom que eu tenha feito na minha vida profissional, foi essa de ter sugerido, e até feito força, para a nomeação de Antoninho para direção da Famecos”.
A última homenagem, em vida, da PUCRS a Gonzalez ocorreu no dia 13 de junho de 1995, quando foi inaugurada sua fotografia na Galeria de Honra dos Ex-Diretores da Famecos. No seu discurso de despedida, Antoninho apelou para que os cursos de pós-graduação de todas as áreas trabalhassem para aprimorar empresas e instituições, “deixando de produzir pesquisas querubínicas, totalmente afastadas da realidade, pouco contribuindo para o aperfeiçoamento da sociedade”. O reitor Norberto Rauch gostou das colocações e convidou Antoninho a atuar como consultor da Pós-Graduação da Famecos, atendendo a esse objetivo. Por pouco tempo pôde realizar a nova missão. Em agosto de 1996 faleceu inesperadamente, deixando muitos professores e alunos com a sensação de orfandade.
ABEPEC
A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa da Comunicação (ABEPEC), surgiu em 1972, em São Paulo. Era a reunião de pesquisadores e de professores da Comunicação. Entre outras atividades, ela propiciava cursos e seminários e tinha como presidente o professor José Marques de Melo. Na Famecos, funcionava um Centro de Pesquisa em Comunicação (CEPEC). Em função desse centro e do contato da Faculdade com entidades nacionais, em 1976, Antônio Gonzalez foi eleito presidente da ABEPEC, sucedendo o professor Lélio de Sousa, de Minas Gerais.
A posse ocorreu num Congresso realizado em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Gonzalez foi o terceiro presidente da Associação, que tinha sua sede itinerante, vindo, então, para o Rio Grande do Sul.
Na época, foi realizada a maior pesquisa feita até hoje no Brasil sobre Televisão e Cultura Brasileira, pois ela abrangeu todas as emissoras existentes no país. Gonzalez conseguiu recursos, e a Famecos coordenou o trabalho. Na área da metodologia e avaliação veio para Porto Alegre o professor José Marques de Melo, na época chefe de Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicação e artes (ECA) da USP. Também esteve presente Juan Verca, da Argentina, Núbia Silveira e Léa Busato. A parte executiva ficou a cargo da professora Maria Helena Castro de Oliveira, ainda hoje da Famecos.
Gonzalez deixou a direção da ABEPEC após dois anos de mandato, em 1978, perfeitamente estabilizada, com um bom numerário em caixa.

Mudanças curriculares
Na 4ª Semana de Estudos de Jornalismo, promovida pela ECA, em 1972, o currículo apresentado pelo Conselho Federal de Educação para a Comunicação em 1969, foi bastante questionado por professores de várias disciplinas. Gonzalez participou desse evento, sendo um dos conferencistas. Na oportunidade, apresentou um trabalho propondo a integração escolas-empresas e alertando que havia transcorrido pouco tempo para se julgar o currículo mínimo, elaborado pelo CFE, em 1969.
Devido às críticas, o Ministério de educação e o Conselho Federal de Educação solicitaram que a ABEPEC fizesse ma proposta curricular. Em 1975 foi realizado um Seminário Nacional sobre a Estrutura do Ensino de Comunicação em Águas de São Pedro (SP) para estudar um novo currículo para as Escolas de Comunicação. Gonzalez era palestrante e foi relator de sugestões para o Curso de Jornalismo. Os professores não conseguiram consenso durante anos e apenas em 1984 foi fixado o currículo definitiva dos cursos de Comunicação Social, que perdurou até os anos 90.

ADJORI
Durante o período de direção da Famecos, Gonzalez manteve convênio com a Associação de Jornais do Interior (AJDORI) e a Associação Riograndense de Imprensa (ARI), muito contribuindo para a qualificação e o progresso dos jornais do interior do Estado, que, na época, somavam 30. Hoje são mais de 400 periódicos municipais.
Para auxiliar os jornais do interior, Gonzalez colocou em prática um projeto que objetivava aperfeiçoar os profissionais e proprietários de jornais regionais. A programação era baseada em seminários realizados pela Famecos, com apoio da ARI.
Além de auxiliar os profissionais do interior, Gonzalez teve importante participação na criação e desenvolvimento das faculdades de comunicação social de Caxias do Sul, Santa Maria, São Leopoldo, Pelotas e outras surgidas nos anos 90, antes de 1996.

Traços pessoais
Como jornalista e professor, Antônio Gonzalez tinha como princípios a ética, a verdade, a exatidão, a responsabilidade, a decência e o respeito. Esses eram os traços marcantes de Antônio Gonzalez, que se aposentou em 1996, depois de ma carreira brilhante iniciada em 1957 na “Última Hora”, em Porto Alegre.
Antoninho foi repórter, editor e secretário de redação da extinta “Folha da Tarde” (onde ganhou dois prêmios ARI), secretário de redação do “Correio do Povo”, editor-chefe do extinto jornal “O Estado do Rio Grande”. Nesse projeto, Antoninho colocou toda sua experiência e criatividade na concepção de um jornal moderno para o Estado. Depois de um trabalho que durou oito meses, inesperadamente, na décima terceira edição, o Grupo Sinos, que financiava o empreendimento, determinou o fechamento do jornal por razões “técnicas”.
Também foi juiz classista do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região de Porto Alegre. Atuou como assessor de Comunicação Social de inúmeras entidades, criador de vários sindicatos, diretor-presidente da Companhia Rio-Grandense de Turismo, entre muitas outras funções.
A dedicação que marcou o comportamento de Antoninho fez com que recebesse vários títulos e honrarias, como o de Cidadão Emérito de Porto Alegre, outorgado pela Câmara Municipal e a Comenda da Ordem do Mérito Superior da Justiça do Trabalho.